sexta-feira, 26 de junho de 2009

Blogue de protesto

Os alunos da UCS criaram um blogue pra manter a sociedade informada sobre as manifestações feitas em Caxias contra a decisão do STF. Além disso, a proposta é apontar alternativas pra regulamentação da profissão de jornalista.
Clique aqui pra acessar.
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sexta-feira, 19 de junho de 2009

Não sei cozinhar, seu Gilmar


Estudantes de jornalismo da UCS fizeram manifestações nesta quinta-feira, dia 18, contra a decisão do Superior Tribunal Federal que derrubou a exigência de diploma universitário pra que jornalistas possam exercer a profissão. A decisão dos ministros foi tomada na última quarta-feira, dia 17, por oito votos a um. Confira aqui o resultado. O ministro Gilmar Mendes, relator e presidente do Supremo, chegou a comparar a profissão de jornalismo com a prática culinária e de corte e costura, pra justificar o seu voto. Veja aqui.
Ora, jornalismo é uma profissão que exige compromisso social e ética, por isso ultrapassa os limites das técnicas e métodos, também importantes. O que se está em discussão, a partir de agora, não é apenas a exigência de um diploma universitário, mas a qualidade do jornalismo. Com quem terão compromisso esses futuros “profissionais”? Com o mercado? Com interesses políticos? As empresas poderão, por exemplo, colocar em suas redações, pessoas que atendam unicamente aos interesses do grupo, sem compromisso social nenhum.
A decisão representa um retrocesso, pois praticamente coloca na lata do lixo todas as horas de estudo encaradas por estudantes durante mais de quatro anos. A sociedade brasileira perde em qualidade da informação. Os profissionais do jornalismo perdem credibilidade. Além disso, são, de certa forma, humilhados pelos ministros que dão a entender que todo o processo de construção vivido na universidade já não tem tanta importância.
Os alunos de jornalismo da UCS vão seguir atentos à toda movimentação e dispostos a discutir a questão em outras instâncias. Por isso, na quinta-feira já estiveram no Fórum de Caxias e na Câmara Municipal de Vereadores, onde foi aprovada, por unanimidade, uma moção de repúdio à decisão do STF. Vamos adiante!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Jornalismo socialmente comprometido*

Na semana passada, o jornalista José Arbex Junior esteve em Caxias. Em palestra na UCS, apresentou um panorama da comunicação no Brasil, dando ênfase pra leitura que fazemos (ou não) das notícias.
O jornalista acredita que hoje há uma manipulação do imaginário popular, com a utilização de recursos do entretenimento na composição dos noticiários, especialmente os da televisão. Segundo ele, é nos telejornais que a realidade do povo é mascarada, com a desvalorização do cotidiano popular e priorização de discursos que prezam pelo desenvolvimento econômico e social de poucos. Isso tem relação direta com a “estética da barbárie”, tratada em outra postagem recente, aqui no blogue.
Outra questão interessante, na palestra de Arbex, diz respeito à atual programação da tevê brasileira. Afinal, a tevê realmente mostra o que o povo quer ver? Arbex tem tranqüilidade ao afirmar que há uma cumplicidade nessa relação. A tevê mostra, sim, o que o povo quer ver, pra não perder audiência. No entanto, ela tem uma matriz ideológica que define o que vai ou não ser pauta. Nesse momento, a questão econômico-financeira da empresa de comunicação vai determinar o rumo de qualquer reportagem.
O maior problema, pra Arbex, é definido por outra pergunta: “por que o público não contesta essa programação?”. A resposta, segundo ele, parece estar relacionada à consciência e à formação pessoal de cada sujeito, que não vai deixar de assistir algo que dá prazer, ou buscar algo que não lhe alegra ou sacia.
Arbex exemplifica o caso ao dizer: “o meu compromisso é ter casa, família e carro na garagem? Tudo bem, a tevê responde a isso”. Acontece que compromisso social é (ou, pelos menos, deveria ser) algo bem mais amplo que isso, e passa pela necessidade de envolvimento com outros sujeitos, pra o crescimento coletivo de todos.

* Parabéns ao professor Paulo Ribeiro, do jornalismo da UCS, pelo esforço empenhado pra trazer Arbex à Caxias.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Lá fora, o bicho pega!

Na cerimônia de encerramento, apenas a entrega dos prêmios do Expocom* marcou o último dia de atividades do Intercom Regional. Digo apenas porque nós, da UCS, sequer inscrevemos trabalhos pro Expocom. Ficamos lá apenas aplaudindo os belos trabalhos das outras universidades (e eram belos mesmo hein!). Aí ficamos (pelo menos eu) pensando... será que essa não-participação se deve à falha nossa, alunos, por falta de iniciativa? Ou falta de incentivo dos professores? O que sei até agora é que ao voltar pra universidade, apenas alguns poucos alunos sabiam da existência do prêmio.
Esse estímulo da universidade talvez seja o que falta na UCS. Aprendemos muito bem as técnicas e métodos de fazer jornalismo de qualidade, mas somos incapazes de escrever um artigo bem elaborado. Vimos todos os exemplos do que se deve ou não fazer na prática jornalística, mas somos tontos o bastante pra deixar de ler análises sobre a realidade do Brasil.
O Intercom serviu pra mostrar que temos ainda muito o que evoluir, enquanto acadêmicos. Serviu também pra dar um alerta, apenas um alerta: ou trabalhamos em Caxias pro resto da vida (e pra isso estamos bem instruídos), ou damos jeito de buscar outras fontes de conhecimento, porque “lá fora”, o bicho tá pegando!

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Seminário da Pesquisa Experimental em Comunicação, destinado a alunos, autores de trabalhos científicos. O Expocom dá premiação pros melhores trabalhos.

Cansaço e diversão na sexta-feira


Aí vai uma foto pra mostrar o que fizemos pra participar da oficina Escrita Criativa. Como não tínhamos feito inscrição antecipada, marcamos presença em uma fila improvisada na porta da sala. Sim, a Noele, ao fundo, tá mesmo cansada!

No vídeo, a atuação de um cantor-humorista ali de Santa Catarina. O professor Eduardo Cardoso, da UCS, definiu bem a performance: "Não canta nada, mas é bem divertido!" hehehehe

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Jornalismo suado

O clima em Blumenau esteve agradável na sexta de manhã. Mais uma vez, cortamos a cidade usando dois ônibus; algo em torno de 45 minutos, como nos dias anteriores. O povo daqui é bastante simpático. Na parada de ônibus, antes das oito da manhã, uma jovem mulher já dava bom dia pra dois jovens estudantes que ela nunca tinha visto antes. Até ficamos felizes (será que suados de nervosismo?). Mas, foi só no momento, porque confirmamos a lenda que o povo blumenauense é simpático assim mesmo, sem segundas intenções hehehe
Na FURB, José Marques de Melo falou sobre políticas públicas de comunicação na sociedade digital. O professor afirmou que hoje não basta a universalização do acesso aos meios de comunicação digitais; o que precisa mesmo é inclusão social a partir e através destes. Além disso, destacou a grande relação que há entre comunicação, educação e cultura, dizendo que estas fazem parte das necessidades da sociedade pra “próxima era”. Disse também que a nova geração de jornalistas precisa suar a camisa e ser mais comprometida com os problemas (inclusive cognitivos) da sociedade.
À tarde, mais apresentação de trabalhos. Um dos destaques no grupo de trabalho Jornalismo tratou a "estética da barbárie" dos telejornais brasileiros. Segundo a estudante Karina Aurora Dacol, da UFSM, hoje há uma subrepresentação da pobreza nos telejornais, o que faz com que a comunidade (freqüentemente favelas) seja sempre mostrada como violenta e criminosa. Ainda segundo a estudante, há uma desvalorização do sofrimento desses moradores, pois nem mesmo os nomes dos mortos da favela são dados nas notícias; diferente do que acontece com policiais ou autoridades envolvidas na mesma reportagem.
Mas, o trabalho da Karina não deixou ninguém pra baixo, não. Ao contrário, fez surgir uma grande discussão entre alguns estudantes e deu força pra enfrentar a noite. Mais tarde, a Flávia e a Noele, colegas de jornalismo da UCS, participaram comigo da oficina de escrita criativa, ministrada pela professora Marilde Sievert, da FURB. Ela reforçou algo que sempre é dito pelo professor Paulo Ribeiro, da UCS: “jornalismo não é inspiração”. Paulo vai além, aqui em Caxias, dizendo que “é transpiração”. Pobres jornalistas suados... hahaha

PS: sempre há aqueles jornalistas que, como dizem os gaúchos, “se acham”, né. Pra esses, o professor Marques de Melo disse: “a sociedade digital faz com que o jornalista desça do salto alto, pois exige que o espaço democrático seja aberto e, ainda, que o jornalista ouça a comunidade”. Tá loco, tchê!! Essa serviu pra muitos.

Blumenau, SC. Sábado, 30 de maio.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

O dia do estudo e do chope



A conferência de abertura tratou o tema Excelência e Inovação na Comunicação. A idéia era dar abertura aos trabalhos do congresso e falar da importância das novas mídias digitais. Como o auditório era pequeno e chegamos em cima da hora, assistimos à conferência em um telão, instalado noutra sala. Não fazia uma hora que estávamos lá e alguns grupos começaram com conversas paralelas, talvez porque a atividade não estivesse muito agradável – o palestrante falou das novas formas de persuadir pessoas e transformá-las em potenciais consumidores. Ao final, parece que poucos aproveitaram alguma coisa.
O rio Itajaí, aquele que transbordou e provocou a enchente de novembro, corta também o campus da FURB. Muitas pessoas perceberam isso não pela visão, mas pelo mau cheiro que toma a universidade em alguns pontos. À tarde, as apresentações de trabalhos científicos deram ao congresso o ritmo esperado por muitos. Alguns trabalhos se destacaram, não só pela temática apresentada, mas pelo entusiasmo dos apresentadores. No grupo de trabalho Comunicação Multimídia, do Intercom Júnior, destaque para trabalhos sobre podcasts, narrativa transmidiática e homogeneização cultural.
Pra fechar o dia, nada melhor que uma festa. Foi nesse clima que os moradores de Blumenau receberam mais de mil participantes do Congresso na Vila Germânica, pro lançamento da 26ª Oktoberfest. A noite foi embalada por muita música (chamada alemã, mas meio brega), regada a chope (chamado alemão e muito bom!) e muitas gargalhadas, principalmente do grupo da UCS. Foi também um momento interessante pra partilhar a vida, festejar mesmo, e conhecer um pouco mais os colegas e os professores ...

Blumenau, SC. Sexta-feira, 29 de maio.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Blumenau: suas águas e seus morros

Passados seis meses do desastre em Santa Catarina, a cidade de Blumenau ainda respira os resultados dos estragos deixados pela enchente de 2008. Aos olhos, é visível a devastação material e ambiental provocada pelos desmoronamentos de terra e força da água; ao coração, é claramente perceptível o sentimento da população de não querer, nunca mais, passar mais por uma situação parecida.
O grupo da UCS chegou a Blumenau na noite de quarta-feira. Já nessa noite foi possível ver alguns rastros deixados pela enchente e constatar que a cidade ainda não se reergueu por completo. O povo, assim mesmo, é alegre e acolhedor. Meu colega Mauro e eu ficamos hospedados no bairro Progresso, distante cerca de 10 quilômetros do centro da cidade. Apesar da pouca distância, o trânsito lento faz o trajeto de ônibus durar cerca de meia hora.
O Progresso foi um dos bairros mais atingidos pela enchente, em novembro de 2008. Antes das oito da manhã de sexta-feira já estávamos nas ruas e foi aí que pudemos entender melhor o porquê. A região é extremamente montanhosa e muitas casas foram construídas ao pé do morro, quando não nele próprio. Pra quem saiu de Caxias do Sul, nada muito novo, exceto o fato de muitos deles estarem “desmatados”, cobertos apenas por uma terra vermelha, cor de fogo.
O Intercom acontece na FURB, distante três quilômetros do centro. A viagem de coletivo dura cerca de 45 minutos, saindo do bairro. Apesar de ainda não termos a programação completa em mãos, a expectativa por aprendizagem é grande. Esperamos que os organizadores do evento não tenham se deixado abater pelo clima nebuloso dos últimos meses.

Blumenau, SC. Quinta-feira, 28 de maio.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

X Intercom Sul

De 28 a 30 de maio acontece o X Congresso Regional Intercom Sul, em Blumenau/SC. O evento propõe discutir assuntos da área da comunicação e, nessa edição, tem como tema Comunicação, educação e cultura na era digital.
Um grupo de alunos e professores da comunicação da UCS vai estar lá. Em breve, traremos mais informações sobre o evento aqui no blogue.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

A cegueira no Brasil

Criticar a sociedade do século 21, a partir de uma situação hipotética ocorrida num passado não muito distante. A meu ver, é disso que trata o filme Ensaio sobre a cegueira. A obra é magnífica, do ponto de vista de quem procura ali uma análise da sociedade atual.
O filme mostra a história de uma cidade que vive uma epidemia de cegueira. Os cegos são enclausurados num prédio, que não tem condições de abrigar as centenas de pessoas que foram enviadas pra lá. Não há, em nenhum momento, proteção dos governantes que se preocuparam apenas em isolar os “doentes”. No filme, a única intervenção do governo se dá com o envio de alimentos (limitados) e a segurança (ou isolamento) do local. As pessoas ficam ali esquecidas, como se fossem, além de cegos, invisíveis.
O filme leva o espectador brasileiro a lembrar a situação de segregação que acontece hoje no Rio de Janeiro*. Além disso, Ensaio sobre a Cegueira joga com sentimentos que vão além do amor e ódio: gratidão, asco e medo são apenas alguns deles. É interessante ver que na nova “moradia”, as pessoas são obrigadas a viver o coletivo. Algo difícil de se pensar hoje, quando vivemos com grande incentivo ao individualismo.
Não li a obra de Saramago, na qual o filme se inspira, mas fiquei com vontade, porque os sentimentos que o filme proporciona devem ser ainda mais aguçados com a leitura do livro. Mas, com o filme, já vale a reflexão: quem são os invisíveis de hoje no Brasil? Quem são os que ficam isolados, esquecidos, sem condição nenhuma de progredir? Quem são aqueles que sequer são ouvidos?

* "Seja na cidade do Rio, em Duque de Caxias, em Macaé etc, o discurso do choque de ordem bota abaixo sem discussão a história, a cultura, a vida das pessoas, antes que se possa argumentar com a lógica, com o bom senso. Exatamente o que fazia a ideologia do nazi-fascismo. Parece exagero, mas esse discurso – e sua prática sumária – é uma prima de primeiro grau dos linchamentos de mendigos, da queima de índios nos pontos de ônibus, das surras em prostitutas na madrugada. Tudo em nome da “ordem”, da “limpeza” das ruas, do “ordenamento”, da “organização”, da assepsia, do “bom visual”. [...]
Porque afinal de contas, essa política também é extremamente covarde: primeiro baixamos o cacete nos informais, nos malditos camelôs, nos biscateiros ilegais que atravancam o progresso do país... Depois, se der tempo, podemos desconcentrar a renda, fazer reforma agrária, prender os corruptos e fazê-los devolver o dinheiro, essas coisas. Depois. Agora não. O valente só é valente em relação ao mais fraco. Qualé, choque?..."
(trecho de texto publicado em março, no portal Overmundo)

* Sobre o assunto, ver também portal Inverta
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quarta-feira, 13 de maio de 2009

Quando o essencial fica em segundo plano

Hoje, muitas pessoas no mundo todo dizem que o caso da escocesa Susan Boyle, o mais novo fenômeno midiático, é um exemplo de que "as aparências enganam". No entanto, o que engana mesmo é a falsidade humana e a sua capacidade de ser hipócrita o bastante a julgar pelas aparências. Não deveria o ser humano ser tão cretino a ponto de acreditar que somente os chamados "belos" são altamente capazes de realizar grandes façanhas.
Em crônica publicada no fim do mês de abril, no diário Correio do Povo, o jornalista gaúcho Juremir Machado analisa o caso de Susan Boyle e questiona a inversão de valores da sociedade atual. Como Susan é feia, do ponto de vista estético padrão, foi inicialmente rechaçada pela opinião pública que lotava o auditório no qual um programa musical estava sendo gravado, no Reino Unido.
As pessoas colocaram em primeiro lugar a análise fútil do ser humano, aquela mesma que muitos fazem no dia-a-dia, valorizando mais a roupa ou o cabelo, ao invés do conteúdo de cada pessoa.
Diferente do que afirma Juremir, é possível acreditar que o povo brasileiro não é tão "evoluído" assim. Pra ele, o fato de a TV brasileira ter pessoas "gordas" e "feias" (Raul Gil, Hebe Camargo, Gugu) mostra o lado humano dos brasileiros. No entanto, o jornalista esqueceu de citar que Xuxa, Angélica, Luciano Huck e Eliana, são "belos", também fazem sucesso e não têm tanto conteúdo.
Aliás, os que Juremir chama de "gordos" e "feios" são os mesmos que na sua programação distribuem prêmios, casas, cestas básicas e afins, com o objetivo de conquistar a audiência, porque conteúdo também não têm. Então, todos são competentes o bastante pra promover ainda mais a exclusão social, ao invés de oferecer formação pra cidadania.
Aos olhos de quem é preconceituoso, Susan Boyle tem "uma qualidade": ela canta bem; aos olhos de quem aposta na força humana, independente da beleza estética, ela é um ser humano completo, cheio de vida e potencialidades, capaz de transformar tudo o que está à sua volta, assim como todos o são. Essa é a mesma mensagem trazida por Antoine de Saint-Exupéry, na obra O Pequeno Príncipe, quando diz que "o essencial é invisível aos olhos".

terça-feira, 5 de maio de 2009

Ops!

Diferente do que informei na postagem anterior, a Lei de Imprensa é de 1967.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Comunicação é direito de todos

Os meios de comunicação eletrônicos (rádio e televisão) são um serviço público. Por isso (é importante que todos saibam!), não tem donos, mas são concessões temporárias. Essas permissões podem ou não ser renovadas pelo Poder Público, após determinado período.
Como todo serviço público, os meios de comunicação também deveriam estar a serviço da população brasileira, nesse caso, com a oferta de programação de qualidade. Além disso, deveriam ser abertos à participação popular, pois todos têm o direito de se expressar através desses serviços.
Em contraponto a essa definição, o que se vê hoje é uma mídia que tem o poder de selecionar e criar suas pautas, podendo, assim, incluir na programação apenas aquilo que lhe interessa. Mas, será que essa programação é mesmo aquela que a população quer ver? Numa dessas manhãs de outono discutíamos na universidade esse problema e não chegamos a nenhuma definição. O que sei é que a comunicação é um direito humano e dela todos devemos nos beneficiar. Com ela, devemos (deveríamos, pelo menos) ter crescimento e aprendizagem.
Penso nessas questões após ver revogada a Lei de Imprensa, que perdurava desde 1969, e depois ter assistido ao vídeo A revolução não será televisionada. Essa produção irlandesa mostra a participação da mídia na frustrada tentativa de golpe na Venezuela em abril de 2002.
Por fim, penso que é preciso ficar atentos à comunicação no País e fazer dela um pilar para o crescimento e desenvolvimento da sociedade, independente dos interesses pessoais dos políticos, dos empresários, dos malandros, dos bundões, ... Mas, isso é assunto pra outra postagem.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Um trabalho que favorece a inclusão social

A coordenadora nacional da Pastoral da Criança esteve durante alguns dias em Caxias do Sul. Irmã Vera Lúcia Altoé veio acompanhar o encontro de formação dos/as líderes de Pastoral da diocese. Além disso, conheceu os trabalhos realizados nas comunidades do município.
A presença dela serviu como estímulo para o trabalho dos mais de 800 voluntários da região. Hoje, a Pastoral da Criança atende, na Diocese de Caxias, aproximadamente 3200 famílias, totalizando mais de 4800 crianças. Os trabalhos vão desde o acompanhamento da alimentação e orientação nutricional até a oferta de cursos de formação para as mães, para que possam, elas mesmas, prover o sustento das famílias através da comercialização de produtos e serviços. Clique aqui para saber mais.
São trabalhos como esse que fazem com que se tenha mais gosto pela vida e esperança por dias melhores. Mas não basta ficar olhando e louvando a iniciativa. É preciso colaborar com mais este trabalho que resgata aqueles que são menos favorecidos social e economicamente.

quinta-feira, 26 de março de 2009

A validade do Bolsa-Família

Nesta semana, o Governo Federal divulgou que parte das 450 mil famílias que tiveram pagamentos do programa Bolsa-Família cancelados em janeiro deve voltar a fazer parte do programa. Isso, devido ao aumento do teto de renda per capita, que vai subir de 120 para 137 reais. Confira aqui.
Quem já viu de perto a situação de famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social, sabe bem o quanto é preciso este apoio do Governo pra fazer com que os sujeitos (as crianças e adolescentes, especialmente), tenham uma vida mais digna e saudável. Não se trata apenas de dar dinheiro a pessoas que foram excluídas do desenvolvimento econômico. Mais que isso, o programa representa uma tentativa de tentar incluí-las no convívio social, do qual foram privadas.
Para aqueles que falam mal do Bolsa Família, pergunto qual a contribuição dada pelos militares do Exército Federal pra ganhar bons salários? Ao que parece, o Brasil não precisa investir tanto em uma estrutura que é pouco utilizada, e que, aos olhos de muitas pessoas, não dá nenhuma contribuição ou retorno. Pra mim, o Exército é mais uma forma de distribuição de renda, pois leva o dinheiro pra regiões desfavorecidas economicamente.
É o caso da região sul do Rio Grande, por exemplo. Por lá, há poucas empresas e raras indústrias ou outras formas de empreendimentos econômicos. O Governo Federal consegue, através do Exército, levar dinheiro pra mais cantos do País. Nada contra. Ao contrário, apóio mais esta forma de distribuição de renda.
“Ah, mas o Exército é imprescindível pro caso de termos o Brasil envolvido numa guerra”, diriam alguns. Difícil acreditar que teremos uma. Então, que incentivemos mais o desenvolvimento de uma cultura de paz, ao invés de estarmos nos preparando para a batalha até hoje inexistente.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Uma governadora avessa ao diálogo

Nesta quinta-feira (12), Governo Estadual teve uma vitória significativa na Assembléia Legislativa ao conseguir a aprovação do veto da governadora Yeda Crusius ao projeto que abonava as faltas dos servidores estaduais que estiveram em paralisação no fim de 2008. No entanto, nem tudo é motivo de comemoração e felicidade pra este governo.
A entrega de viaturas pra Brigada Militar, realizada na última terça-feira (10), está sendo encarada por muitos como apenas mais uma manobra política do Governo de Yeda. Para os policiais, as 22 viaturas disponibilizadas pra região da serra não são suficientes pra atender a necessidade de todos os municípios contemplados. Segundo eles, o número deveria ser bem maior.
O fato é que as sete viaturas que ficaram em Caxias serviram apenas pra cobrir a falta que já se tinha, pois há tempos a oficina do batalhão da BM está cheia de veículos, à espera de conserto. Isso foi o que afirmou o vereador Harty Moisés Paese, do PDT, na noite desta mesma quinta-feira “vitoriosa”. Segundo ele, é preciso que Yeda se mostre mais aberta ao diálogo, pois hoje as pessoas não se sentem à vontade de participar democraticamente das discussões que dizem respeito aos problemas do Estado.
Além de Paese, outros três vereadores se mostraram contra a política de hostilidade mostrada pelo governadora. As críticas foram feitas na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Caxias. A matéria completa tu encontras aqui.
Yeda que se cuide, porque até mesmo partidos da sua base aliada estão reconhecendo que seu mandato é impopular e antidemocrático. E esse “jeito de governar” (novo ou não) geralmente não leva a lugar nenhum. Pelo menos nenhum lugar que seja bom o bastante pra fazer esquecer esse mau tempo vivido pela população gaúcha.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Um pneu furado e um socorro falho



O retorno da capital do Pará quase 100% tranqüilo. Saímos de Belém às quatro da manhã de segunda-feira. Conforme o previsto, o grupo dormiu praticamente direto da manhã à noite, resultado do intenso envolvimento em todos os dias de atividades. Já na terça, tivemos condições de conversar melhor sobre a semana que tínhamos acabado de viver e, ainda, rascunhar as primeiras avaliações sobre as experiências.
A idéia principal do grupo era aproveitar o espaço do Fórum pra tecer novas argumentações e coletar idéias práticas pra aplicação no dia-a-dia, em suas atividades. Parece que alguns atingiram suas metas e voltaram felizes pra casa. Outros, no entanto, trouxeram o sentimento de que mais coisas poderiam ter sido discutidas. Ao fazer um balanço geral do FSM, dá pra perceber a satisfação dos participantes em fazer parte dessa história de envolvimento e construção coletiva.
Ah, eu disse “retorno quase 100% tranqüilo”, né? Pois é, em São Paulo furou um pneu do ônibus. Vinte quilômetros atrás havíamos passado pela praça do pedágio. O socorro da concessionária que controla a rodovia foi chamado, porque os guris (dois motoristas, mais o Zeca e o Milton) não conseguiam soltar um dos parafusos do pneu. Uma hora e meia depois, tivemos que chamar um borracheiro por conta própria, porque o socorro não apareceu. Sacanagem! Ainda há aqueles que apóiam o pedágio...
Da viagem, fica o sentimento de gratidão por todos os momentos, e a responsabilidade de fazer mais e melhor a cada dia. O pneu furado não foi nada, nem desanimou a turma que levou três dias e meio pra ir de Belém à Santa Maria.

Aqui tem informações sobre o Fórum Popular Contra o Pedágio, que é uma "organização civil de defesa do sistema público de transporte, dedicada em especial ao livre direito constitucional de ir e vir", segundo o blogue. Tem ainda uma música bem diferente pra criticar a privatização das nossas estradas.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A discussão tem que seguir, agora com propostas

Faltou um pouco de organização, é verdade. Mesmo assim, a realização de mais essa edição do Fórum deve ser elogiada. Elogiada pela importância que o encontro tem enquanto aglutinador de organizações e pessoas que apostam e trabalham pra construção de uma sociedade mais justa. Elogiada também pela relevância que têm as discussões levantadas durante os seis dias de encontro. Mas, algumas coisas precisam melhorar.
Entre os pontos que merecem destaque ficam as discussões relacionadas à temática indígena e ambiental. Nunca tantos índios estiveram presentes. Em nenhuma outra edição eles se fizeram tão protagonistas da sua história, como nessa.
Merece atenção das pessoas responsáveis, a falta de placas que indicassem o caminho a ser seguido pra encontrar os locais das atividades. Pode parecer algo idiota, mas eram mais de três mil voluntários e voluntárias tentando auxiliar os participantes, e nem mesmo esse grande número de pessoas foi suficiente. Às vezes, ficávamos perdidos no campus. Mas tudo bem, isso se resolve. Mais grave foi o sentimento geral de falta de propostas concretas pra ajudar na construção de uma sociedade melhor. E quem diz isso não sou apenas eu. Clique aqui e veja o que diz o cientista político Emir Sader sobre o assunto.
O que fica do Fórum é a sensação de que ainda há muito a ser feito. São fantásticos os sentimentos que vivenciamos naquele espaço. O clima de tesão, misturado com a seriedade que o FSM exige, faz com que tu te sintas envolvido numa atmosfera de intenso comprometimento social. Tu consegues sair de lá fortalecido, ao mesmo tempo que cansado. De um encontro como esse, é possível se ter o sentimento de pertença a uma comunidade maior, que aposta no potencial humano pra construção de dias melhores.
No último dia, conversei com várias pessoas, de diferentes lugares, e perguntei por que o fórum foi importante pra elas. Pedi que apontassem quais os aspectos que mereciam destaque. As respostas estão aí embaixo, pra que tu também te sintas parte desse grupo e responsável pela construção do “outro mundo”.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Educação popular no rádio

No penúltimo dia de atividades do FSM, participei de uma oficina sobre radionovela. A organização ficou por conta da equipe do projeto Rádio Margarida, de Belém. A iniciativa reuniu quase cinqüenta pessoas em uma pequena sala de aula, na UFPA. Todos estávamos esmagados, mas dispostos a entender mais e melhor a relação existente entre mídia e educação. Discutimos como fazer um material educativo, de qualidade, pra promover o bem-estar e desenvolvimento de pequenas comunidades, que têm os meios de comunicação como grandes formadores de opinião.
Osmar Pancera, integrante do Margarida, explicou que, pra ser educativo, um recurso audiovisual precisa ter objetivos claros que mostrem o que se quer alcançar e, verdadeiramente, investir na formação humana. Os vídeos educativos, portanto, são bons apenas quando mostram objetivamente uma mensagem de cidadania e trazem crescimento através da informação. Pancera comentou ainda que o filme Tropa de Elite, por exemplo, por si só não é educativo, pois não dá uma mensagem clara daquilo que quer informar. Pra entendê-lo, seria necessária muita reflexão e debate após assistido.
As radionovelas surgem neste meio como uma maneira de auxiliar na formação de crianças e adolescentes, principalmente, aqueles em situação de vulnerabilidade social. Por meio delas, é possível produzir materiais que falem da situação das comunidades e, de forma clara, mostrem os problemas e desafios locais, discutindo soluções pra minimizar a violência, a pobreza, e outros problemas.
Taí uma boa forma de trabalho pra ser aplicada aqui no Rio Grande do Sul. Será que já temos iniciativas como essa e ainda não sei?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

As utopias constroem ações concretas

É quase certo que, ao menos uma vez, já dissestes a seguinte frase: “se eu morresse hoje, morreria feliz”. Hoje foi um dia desses. Na UFRA, participei de uma conversa sobre “diversidades e mudanças civilizatórias”. Na mesa, Boaventura de Souza Santos, um dos mais (ou o mais?) destacados sociólogos do mundo. Em discussão, a necessidade de mobilização popular pra resolver problemas, como a devastação da Amazônia, a crise econômica mundial e o genocídio dos povos indígenas. Boaventura alfinetou alguns dos participantes do fórum, questionando o quê cada um está fazendo pra colaborar na construção de um mundo melhor: “Como podemos vir para o Fórum falar em mudanças significativas se nem sequer deixamos de tomar coca-cola?”, sentenciou. Ao mesmo tempo, disse que confia que as coisas não estão definitivamente perdidas, pois ainda há aqueles que acreditam e trabalham por dias melhores e afirmou que as utopias são necessárias, pois são elas que ajudam a movimentar o ser humano e o levam a fazer sempre mais e melhor.
Mais tarde, conheci pessoalmente Emir Sader, cientista político. A atividade, organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pretendia promover o debate sobre “a comunicação dos trabalhadores na disputa ideológica”. Emir afirmou que, ainda hoje, os meios de comunicação do Brasil refletem o estilo de vida dos norte-americanos, com forte valorização da publicidade e incentivo ao consumo desenfreado. Uma das saídas apontadas por ele foi incentivar e valorizar o trabalho dos meios de comunicação alternativos e da tevê pública, como um espaço pra população se manifestar e dar maior valor à diversidade e à cultura local. Emir falou ainda que é dever da mídia promover o resgate das lutas de classes e a valorização do trabalho, como fonte de realização e desenvolvimento.
Emir Sader e Boaventura no mesmo dia! Eu morreria feliz, com certeza. Não por eles, mas pelas idéias deles, que também são as minhas. Morreria feliz por saber que muitos vão dar continuidade, que muitos não vão deixar as utopias morrerem e farão delas o motivo principal pra batalhar todos os dias e buscar outros melhores.

Belém, PA. 30 de janeiro, sexta-feira, 23h22min.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cultura no FSM

Grupo Pau e Lata, da cidade de Natal/RN. Animação e criatividade no Fórum Social Mundial.

Belém, PA. 30 de janeiro, sexta-feira, 19h55min.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Por outra comunicação e outra economia


O sistema público de comunicação foi o tema de uma discussão realizada na tarde desta quinta-feira, na sala Q3, pavilhão QB, no espaço UFPA Básico, um dos mais difíceis de localizar na Universidade (deu pra perceber?). Cheguei atrasado. A sorte foi que os palestrantes se atrasaram mais do que eu. Na roda de debates, estava Tereza Cruvinel, presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jonas Valente, membro do Coletivo Intervozes e Paulo Miranda, da Associação Brasileira de Canais Comunitários.
A presidente da EBC afirmou que a história da comunicação no Brasil mostra que nunca houve uma discussão mais séria sobre um sistema público de tevê. Mesmo assim, acredita que hoje o país caminha, a passos lentos e firmes, pra uma grande mudança nesta área. Segundo Tereza, a tevê pública brasileira de hoje é boa, mas ainda não a ideal, pois tem falhas na gestão e dificuldade de alcance da população. Mas que, de qualquer forma, atinge seus objetivos de promover a cidadania, os direitos humanos e oferecer informação artística, cultural e científica, de qualidade.
Paulo Miranda questionou a atuação das universidades e disse que não há como cobrar dos profissionais da comunicação uma atuação comprometida com o desenvolvimento da sociedade, se as instituições de ensino superior não cumprirem com eficiência seu papel de oferecer educação de qualidade. E cutucou: “será que as universidades trabalham pra que os jornalistas façam educação 24 horas, na tevê e no rádio?”.
Foi bacana perceber que há pessoas preocupadas com o futuro dos jornalistas que ainda estão se formando por aí e saber que não precisaremos mendigar emprego na Globo. Boas novas, colegas da comunicação!
Antes da palestra, durante a manhã, visitei a Feira Internacional de Economia Solidária. São mais de 400 expositores de quase todos os estados brasileiros. Os trabalhos são os mais variados e belos, feitos de maneira artesanal. A irmã Lourdes Dill, da economia solidária de Santa Maria, disse que a feira é uma oportunidade de mostrar ao mundo o trabalho realizado pelas equipes de economia solidária do Brasil, de forma a valorizar os empreendimentos econômico solidários.
Olha, o sistema capitalista tá bem capenga, como todos vemos. Quem sabe não é agora a hora de mostrar uma nova forma de organização da sociedade, a partir da movimentação popular? Hora de dar mais valor às coisas pequenas, “da terrinha”, pra ajudar aqueles que mais precisam? Quem sabe, trabalhar por outra comunicação e outra economia, mais solidárias, justas e comprometidas com todos?

Belém, PA. 30 de janeiro, sexta-feira, 1h37min.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O ministro e as políticas públicas



Nesta quarta-feira, uma mesa de debates propôs discutir questões relacionadas ao mundo do trabalho. Estiveram presentes o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, o presidente da Força Sindical do Brasil, Paulo Pereira, o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Arthur Henrique, e outros representantes de entidades ligadas ao tema.
No foco central das discussões, a situação do Brasil frente à atual situação de crise econômica no mundo. O ministro Dulci disse que, mesmo com a crise, o Brasil vai continuar investindo em políticas públicas sociais, como o Bolsa Família, o Pronasci e o Projovem. Segundo ele, elas são grande forma de movimentar a economia do Brasil, pois fazem o dinheiro circular e colocam as pessoas em situação de menor vulnerabilidade social.
Tá certo o ministro. Com dinheiro as pessoas podem comprar mais, o que ajuda a mexer a economia, especialmente a local. Imagina como vai ficar o dono do armazém da esquina se seus clientes deixarem de comprar com ele, porque não tem dinheiro à vista? Pior, se passarem a comprar à prazo (é mais fácil) nas grandes redes de supermercado, que quebram as economias locais e pagam salários pífios a seus funcionários?
De acordo com dados divulgados no caderno Destaques (edição dezembro/2008), do Governo Federal, o programa Bolsa Família tem, hoje, 11,1 milhões de famílias beneficiadas com valores que variam de 62 a 182 reais por beneficiário. Isto representa uma dinâmica incrível nas economias locais, com intensa movimentação de capital, aumento da capacidade de compra das pessoas, melhora da auto-estima e maior capacidade de se ter uma alimentação adequada.
A atividade foi bacana, porque ajudou a pensar um pouco mais na crise do capitalismo (o que tá sendo chamado aqui de “autodestruição”, já que o próprio sistema cavou seu túmulo). Além desta, outras muito legais tão rolando por aqui, em todos os cantos. A tenda de Cuba é uma das mais visitadas. O espaço relembra um pouco da história do país e realiza atividades culturais (exibição de filmes, exposições, conferências, musicais), ao mesmo tempo que discute economia e política.
As atividades acontecem simultaneamente em duas universidades: a Federal do Pará (UFPA) e a Federal Rural da Amazônia (UFRA), ambas bem grandes.

Belém, PA. 28 de janeiro, quarta-feira, 23h55min.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Marcha pela mudança


“Caminhando e cantando e seguindo a canção. Somos todos iguais, braços dados ou não...” Mesmo não sendo uma música oficial do Fórum Social Mundial, esse foi o tom da marcha de abertura do evento, na tarde desta terça-feira. As ruas de Belém se transformaram num diferente mar, de cores diversas, pelo qual passaram quase cem mil pessoas. O mais legal foi ver a multidão animada debaixo de um temporal de verão. A força dos participantes do fórum mostra claramente que, a partir da movimentação popular, é possível fazer um outro mundo.

O trajeto levou mais de três horas pra ser percorrido. Já na concentração, na Escadinha do Cais do Porto, as delegações davam demonstração de respeito, organização e determinação. Dentre os participantes, o grupo de defesa dos direitos das mulheres, dos negros, dos trabalhadores e dezenas de outros. Algo que chamou a atenção foi a presença de milhares de índios, de diferentes países das Américas. O grupo pedia respeito à demarcação de suas terras e maior valorização da cultura indígena. Nada mais justo, já que estamos na Amazônia.

A população de Belém parou para assistir as manifestações. Por onde passava a marcha, era possível ver em cada rosto, expressões diferentes, às vezes de surpresa, às vezes de espanto, ou ainda aqueles que através de seu olhar mostravam apoio à mobilização.

A chuva parou após a primeira hora da marcha e deu lugar a um sol intenso. Presente dos deuses? Creio que não, porque aqui chove todos os dias e o calor forte vem logo depois. O certo é que o sol brilhou pra todos, numa demonstração de que ele não nasceu pra poucos. Não nasceu, mesmo.

Belém, PA. Quarta-feira, 28 de janeiro, 23h51min.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Aprendizagem nas diferenças

“Égua, mas que calorão nessa cidade”. É, além de estarmos nos habituando ao local, já captamos algumas expressões típicas. “Égua” equivale ao “tchê” dos gaúchos, mas é usada com muito mais freqüência e intensidade. Chegamos em Belém por volta das seis horas da tarde de domingo. Junto, uma delegação de Belo Horizonte. Já havíamos encontrado o mesmo grupo em um posto de gasolina no Tocantins, no sábado à noite. A presença dos estudantes/militantes nos dá mais ânimo e força. Agora, percebemos mais claramente que não estamos sozinhos na caminhada.
No colégio Marista Nazaré serão hospedadas mais de 500 pessoas. Já estão conosco as delegações de Goiás, Tocantins, Ceará, Paraíba e outros que ainda não sei de onde vieram, além dos mineiros, claro.
A animação das turmas contagia o lugar e torna a estadia bastante agradável. Sabemos que os próximos dias prometem ser tri legais, ou no bom jeito mineiro: “bom dimais da conta”.

Belém, PA. Segunda-feira, 26 de janeiro, 13h37min.

Eita, Brasilzão!





Quem disse que o Brasil é grande não tava mentindo. Hoje, depois de 84 horas de viagem, já passamos por sete estados: Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Maranhão. Mas o país não é grande só geograficamente, não. É grande também nas belezas. Modestamente, digo que a riqueza do Brasil pode até ser medida, mas não da maneira que deveria. Se tu tiveres oportunidade de conhecer outros lugares, investe, porque as pessoas que tu vais encontrar serão bastante cordiais. Pelo menos assim foram com nosso grupo de “turistas gaúchos”.
Nos diferentes rostos, quase sempre encontramos um sorriso colorido e caloroso, que fez com que afirmemos que vale a pena lutar (sim!) por uma sociedade melhor, para todos. As cores da cidade, misturadas com o verde das matas nativas fazem com que o Brasil seja, cada vez mais, visto por mim como um país abastado. Esta riqueza humana e natural são fundamentais para que tenhamos dias melhores, com mais justiça, igualdade e paz, como todos sonhamos. É no rosto de cada trabalhador e de cada trabalhadora que vejo a ânsia pra que estes dias cheguem logo.
No sábado de manhã, mais três lutadores se juntaram ao grupo: o Dirceu Fumagalli, a Dailir da Silva e o Antônio Canuto, todos da Comissão Pastoral da Terra, de Goiânia. Ah, o Canuto é natural do “município” de Galópolis, em Caxias. Com eles, temos mais força pra caminhada.

Açailândia, MA. Domingo, 25 de janeiro, 9h30min (agora não mais pelo horário de Brasília)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Os exemplos que vêm de fora


O Fórum Social Mundial é um “espaço aberto à reflexão, discussão de idéias e formulação de propostas que se opõe ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer outra forma de imperialismo”. Este é um dos conceitos que constam na Carta de Princípios do FSM, indispensável para aqueles que dele queiram participar. Como é aberto à diversidade de gênero, etnias e culturas, a possibilidade de encontrar estrangeiros é grande. Para nosso grupo, essa chance veio cedo.
Elisabeth, Franziska, Michelle e Christoph vieram da Alemanha em julho de 2008. Moram em Porto Alegre, Cachoeira do Sul e Lajeado, e nestes municípios desenvolvem trabalhos em bairros carentes, nas áreas de cidadania, direitos humanos, consumo consciente, etc. A Geraldine veio da Argentina há alguns anos, pra morar em Santa Maria e trabalhar na assessoria de comunicação do Projeto Esperança/Cooesperança.
A Franziska contou que veio de um município de pouco mais de seis mil habitantes, localizado no sul da Alemanha. No Brasil, descobriu alguns conceitos e princípios que, segundo ela, vai levar para a vida toda, como valorizar as pequenas atitudes do dia-a-dia, sejam elas de afeto ou perseverança. E isso ela aprendeu com os pequenos agricultores com os quais trabalha. A atividade, da qual participa como monitora, propõe uma produção agrícola 100% orgânica, mas isso é algo difícil de ser alcançado num município como Santa Cruz, por exemplo, no qual o fumo é usado em larga escala, como inseticida. Por isso, é feito um trabalho de conscientização com os jovens, para que eles sejam os protagonistas de uma mudança de atitudes para se tentar um futuro diferente da atual realidade. Pode parecer um trabalho de formiga, mas é aos poucos que se começa!
Ah, de quebra aprendi com os alemães a minha primeira frase (consciente) na língua deles: “gib mir meinen rucksack, bitte”. Sei que não vai servir pra muitas ocasiões, mas já ajuda na comunicação dentro desse ônibus, que já tá virando um cortiço, numa diferente releitura de Aluísio Azevedo hehehe.

Porangatu, GO (ou já no Tocantins, não sei). Sábado, 24 de janeiro, 18h05min.

Dois homens de força


A excursão (sim, estamos de ônibus) é organizada pelo Projeto Esperança/Cooesperança, de Santa Maria. Saímos do coração do Rio Grande perto das nove da noite de quarta-feira, dia 21. O grupo tem, hoje, quarenta e três pessoas. Outras três vão embarcar em Goiânia, daqui dois dias.
Na primeira tarde da viagem, conheci um pouco da história de dois caras fantásticos: o Edson e o Clóvis participam do Projeto há mais de sete anos. O Clóvis disse que precisou de apoio psicológico depois que seu filho de cinco anos morreu, por problemas no coração. O Edson tem uma história também difícil, que mostra a capacidade de superação que todos temos.
Os dois se encontraram nas atividades do Cooesperança e hoje estão entusiasmados com a viagem. Pretendem mostrar seus trabalhos em artesanato e conhecer novas técnicas, em Belém. Ainda não defini o que mais me chamou a atenção neles: a simplicidade, a força nas palavras ou a vontade de viver que mostram.

Marília, SP. Quinta-feira, 22 de janeiro, 18h07min.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Em busca de um “outro mundo possível”

Escrever é um desafio diário que nos mostra o quanto somos capazes de nos superar. Mostrar o teu texto, os teus rabiscos, pra outros, significa colocar à prova as tuas crenças. Parece pouca coisa pra ti? Pois bem, pra um jovem adulto que acredita num mundo diferente desse que hoje temos, não é não. Isso porque escrevo blogue ao invés de blog, não costumo usar roupas "de marca", e gosto bastante de andar na contramão da maioria que faz questão de ser e/ou estar alienada.

De qualquer forma, a partir de hoje, tu podes acompanhar nesse espaço, algumas das idéias que tenho sobre o mundo. Os assuntos, pretendo, serão os mais variados: política, meio ambiente, educação, esporte e outros. Todos eles, claro, com um viés social bastante acentuado. Isso porque acredito na viabilidade de um outro mundo, no qual as pessoas valorizam mais e praticam (de verdade, e para todos) a justiça, a fraternidade e o amor.



Pra começar, trago alguns escritos sobre uma grande experiência: participar do Fórum Social Mundial. Desde o dia 21 de janeiro, quarta-feira, tô na estrada com um grupo de mais de quarenta pessoas rumo à Belém, no Pará. Tá curioso pra saber quem é esse grupo? Quer saber o que tá acontecendo nessa viagem que muitos vão chamar de "maluca"? Acompanha este blogue. Os textos que virão serão feitos pra nós, que acreditamos neste "outro mundo".

Conselheiro Mairinck, PR. Quinta-feira, 22 de janeiro, 15h.

Fórum Social Mundial 2009

Fórum Mundial Mídia Livre