“Caminhando e cantando e seguindo a canção. Somos todos iguais, braços dados ou não...” Mesmo não sendo uma música oficial do Fórum Social Mundial, esse foi o tom da marcha de abertura do evento, na tarde desta terça-feira. As ruas de Belém se transformaram num diferente mar, de cores diversas, pelo qual passaram quase cem mil pessoas. O mais legal foi ver a multidão animada debaixo de um temporal de verão. A força dos participantes do fórum mostra claramente que, a partir da movimentação popular, é possível fazer um outro mundo.
O trajeto levou mais de três horas pra ser percorrido. Já na concentração, na Escadinha do Cais do Porto, as delegações davam demonstração de respeito, organização e determinação. Dentre os participantes, o grupo de defesa dos direitos das mulheres, dos negros, dos trabalhadores e dezenas de outros. Algo que chamou a atenção foi a presença de milhares de índios, de diferentes países das Américas. O grupo pedia respeito à demarcação de suas terras e maior valorização da cultura indígena. Nada mais justo, já que estamos na Amazônia.
A população de Belém parou para assistir as manifestações. Por onde passava a marcha, era possível ver em cada rosto, expressões diferentes, às vezes de surpresa, às vezes de espanto, ou ainda aqueles que através de seu olhar mostravam apoio à mobilização.
A chuva parou após a primeira hora da marcha e deu lugar a um sol intenso. Presente dos deuses? Creio que não, porque aqui chove todos os dias e o calor forte vem logo depois. O certo é que o sol brilhou pra todos, numa demonstração de que ele não nasceu pra poucos. Não nasceu, mesmo.
Belém, PA. Quarta-feira, 28 de janeiro, 23h51min.
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