quarta-feira, 13 de maio de 2009

Quando o essencial fica em segundo plano

Hoje, muitas pessoas no mundo todo dizem que o caso da escocesa Susan Boyle, o mais novo fenômeno midiático, é um exemplo de que "as aparências enganam". No entanto, o que engana mesmo é a falsidade humana e a sua capacidade de ser hipócrita o bastante a julgar pelas aparências. Não deveria o ser humano ser tão cretino a ponto de acreditar que somente os chamados "belos" são altamente capazes de realizar grandes façanhas.
Em crônica publicada no fim do mês de abril, no diário Correio do Povo, o jornalista gaúcho Juremir Machado analisa o caso de Susan Boyle e questiona a inversão de valores da sociedade atual. Como Susan é feia, do ponto de vista estético padrão, foi inicialmente rechaçada pela opinião pública que lotava o auditório no qual um programa musical estava sendo gravado, no Reino Unido.
As pessoas colocaram em primeiro lugar a análise fútil do ser humano, aquela mesma que muitos fazem no dia-a-dia, valorizando mais a roupa ou o cabelo, ao invés do conteúdo de cada pessoa.
Diferente do que afirma Juremir, é possível acreditar que o povo brasileiro não é tão "evoluído" assim. Pra ele, o fato de a TV brasileira ter pessoas "gordas" e "feias" (Raul Gil, Hebe Camargo, Gugu) mostra o lado humano dos brasileiros. No entanto, o jornalista esqueceu de citar que Xuxa, Angélica, Luciano Huck e Eliana, são "belos", também fazem sucesso e não têm tanto conteúdo.
Aliás, os que Juremir chama de "gordos" e "feios" são os mesmos que na sua programação distribuem prêmios, casas, cestas básicas e afins, com o objetivo de conquistar a audiência, porque conteúdo também não têm. Então, todos são competentes o bastante pra promover ainda mais a exclusão social, ao invés de oferecer formação pra cidadania.
Aos olhos de quem é preconceituoso, Susan Boyle tem "uma qualidade": ela canta bem; aos olhos de quem aposta na força humana, independente da beleza estética, ela é um ser humano completo, cheio de vida e potencialidades, capaz de transformar tudo o que está à sua volta, assim como todos o são. Essa é a mesma mensagem trazida por Antoine de Saint-Exupéry, na obra O Pequeno Príncipe, quando diz que "o essencial é invisível aos olhos".

3 comentários:

  1. O Pequeno Príncipe é pra mim um dos livros mais fabulosos de todos os tempos. Simples e tocante, ele mostra uma verdade que a maioria prefere ignorar.

    Tudo é rótulo. Quem disse que Susan Boyle é feia? Ela está fora do padrão atual apenas. Cleópatra era considerada uma beldade pelos egípicios e se analisarmos hoje estátuas e desenhos que retratavam como ela era, possivelmente ouviremos um "que feia nariguda".

    Adorei o post.
    É uma pena que algumas pessoas não percebam que nossa aparência não faz nada por nós ou pelos outros. O que realiza grandes feitos (e só se vale a pena viver por eles) são nossas ações, e felizmente, elas não dependem da moda.

    Abraço!

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  2. Boa noite!

    Achei a sua postagem incrivel Jeferson, é bom acreditar que ainda existem pessoas que veem uma sociedade diferente e possível.

    E concordando com a pessoa acima trago mais uma citação do "Pequeno Princípe"

    "O ESSENCIAL É INVISÍVEL AOS OLHOS"

    Forte abraço!

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  3. Ah comecei a fazer meu blog.
    http://kelygarcia.blogspot.com

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