quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A discussão tem que seguir, agora com propostas

Faltou um pouco de organização, é verdade. Mesmo assim, a realização de mais essa edição do Fórum deve ser elogiada. Elogiada pela importância que o encontro tem enquanto aglutinador de organizações e pessoas que apostam e trabalham pra construção de uma sociedade mais justa. Elogiada também pela relevância que têm as discussões levantadas durante os seis dias de encontro. Mas, algumas coisas precisam melhorar.
Entre os pontos que merecem destaque ficam as discussões relacionadas à temática indígena e ambiental. Nunca tantos índios estiveram presentes. Em nenhuma outra edição eles se fizeram tão protagonistas da sua história, como nessa.
Merece atenção das pessoas responsáveis, a falta de placas que indicassem o caminho a ser seguido pra encontrar os locais das atividades. Pode parecer algo idiota, mas eram mais de três mil voluntários e voluntárias tentando auxiliar os participantes, e nem mesmo esse grande número de pessoas foi suficiente. Às vezes, ficávamos perdidos no campus. Mas tudo bem, isso se resolve. Mais grave foi o sentimento geral de falta de propostas concretas pra ajudar na construção de uma sociedade melhor. E quem diz isso não sou apenas eu. Clique aqui e veja o que diz o cientista político Emir Sader sobre o assunto.
O que fica do Fórum é a sensação de que ainda há muito a ser feito. São fantásticos os sentimentos que vivenciamos naquele espaço. O clima de tesão, misturado com a seriedade que o FSM exige, faz com que tu te sintas envolvido numa atmosfera de intenso comprometimento social. Tu consegues sair de lá fortalecido, ao mesmo tempo que cansado. De um encontro como esse, é possível se ter o sentimento de pertença a uma comunidade maior, que aposta no potencial humano pra construção de dias melhores.
No último dia, conversei com várias pessoas, de diferentes lugares, e perguntei por que o fórum foi importante pra elas. Pedi que apontassem quais os aspectos que mereciam destaque. As respostas estão aí embaixo, pra que tu também te sintas parte desse grupo e responsável pela construção do “outro mundo”.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Educação popular no rádio

No penúltimo dia de atividades do FSM, participei de uma oficina sobre radionovela. A organização ficou por conta da equipe do projeto Rádio Margarida, de Belém. A iniciativa reuniu quase cinqüenta pessoas em uma pequena sala de aula, na UFPA. Todos estávamos esmagados, mas dispostos a entender mais e melhor a relação existente entre mídia e educação. Discutimos como fazer um material educativo, de qualidade, pra promover o bem-estar e desenvolvimento de pequenas comunidades, que têm os meios de comunicação como grandes formadores de opinião.
Osmar Pancera, integrante do Margarida, explicou que, pra ser educativo, um recurso audiovisual precisa ter objetivos claros que mostrem o que se quer alcançar e, verdadeiramente, investir na formação humana. Os vídeos educativos, portanto, são bons apenas quando mostram objetivamente uma mensagem de cidadania e trazem crescimento através da informação. Pancera comentou ainda que o filme Tropa de Elite, por exemplo, por si só não é educativo, pois não dá uma mensagem clara daquilo que quer informar. Pra entendê-lo, seria necessária muita reflexão e debate após assistido.
As radionovelas surgem neste meio como uma maneira de auxiliar na formação de crianças e adolescentes, principalmente, aqueles em situação de vulnerabilidade social. Por meio delas, é possível produzir materiais que falem da situação das comunidades e, de forma clara, mostrem os problemas e desafios locais, discutindo soluções pra minimizar a violência, a pobreza, e outros problemas.
Taí uma boa forma de trabalho pra ser aplicada aqui no Rio Grande do Sul. Será que já temos iniciativas como essa e ainda não sei?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

As utopias constroem ações concretas

É quase certo que, ao menos uma vez, já dissestes a seguinte frase: “se eu morresse hoje, morreria feliz”. Hoje foi um dia desses. Na UFRA, participei de uma conversa sobre “diversidades e mudanças civilizatórias”. Na mesa, Boaventura de Souza Santos, um dos mais (ou o mais?) destacados sociólogos do mundo. Em discussão, a necessidade de mobilização popular pra resolver problemas, como a devastação da Amazônia, a crise econômica mundial e o genocídio dos povos indígenas. Boaventura alfinetou alguns dos participantes do fórum, questionando o quê cada um está fazendo pra colaborar na construção de um mundo melhor: “Como podemos vir para o Fórum falar em mudanças significativas se nem sequer deixamos de tomar coca-cola?”, sentenciou. Ao mesmo tempo, disse que confia que as coisas não estão definitivamente perdidas, pois ainda há aqueles que acreditam e trabalham por dias melhores e afirmou que as utopias são necessárias, pois são elas que ajudam a movimentar o ser humano e o levam a fazer sempre mais e melhor.
Mais tarde, conheci pessoalmente Emir Sader, cientista político. A atividade, organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), pretendia promover o debate sobre “a comunicação dos trabalhadores na disputa ideológica”. Emir afirmou que, ainda hoje, os meios de comunicação do Brasil refletem o estilo de vida dos norte-americanos, com forte valorização da publicidade e incentivo ao consumo desenfreado. Uma das saídas apontadas por ele foi incentivar e valorizar o trabalho dos meios de comunicação alternativos e da tevê pública, como um espaço pra população se manifestar e dar maior valor à diversidade e à cultura local. Emir falou ainda que é dever da mídia promover o resgate das lutas de classes e a valorização do trabalho, como fonte de realização e desenvolvimento.
Emir Sader e Boaventura no mesmo dia! Eu morreria feliz, com certeza. Não por eles, mas pelas idéias deles, que também são as minhas. Morreria feliz por saber que muitos vão dar continuidade, que muitos não vão deixar as utopias morrerem e farão delas o motivo principal pra batalhar todos os dias e buscar outros melhores.

Belém, PA. 30 de janeiro, sexta-feira, 23h22min.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cultura no FSM

Grupo Pau e Lata, da cidade de Natal/RN. Animação e criatividade no Fórum Social Mundial.

Belém, PA. 30 de janeiro, sexta-feira, 19h55min.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Por outra comunicação e outra economia


O sistema público de comunicação foi o tema de uma discussão realizada na tarde desta quinta-feira, na sala Q3, pavilhão QB, no espaço UFPA Básico, um dos mais difíceis de localizar na Universidade (deu pra perceber?). Cheguei atrasado. A sorte foi que os palestrantes se atrasaram mais do que eu. Na roda de debates, estava Tereza Cruvinel, presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), Jonas Valente, membro do Coletivo Intervozes e Paulo Miranda, da Associação Brasileira de Canais Comunitários.
A presidente da EBC afirmou que a história da comunicação no Brasil mostra que nunca houve uma discussão mais séria sobre um sistema público de tevê. Mesmo assim, acredita que hoje o país caminha, a passos lentos e firmes, pra uma grande mudança nesta área. Segundo Tereza, a tevê pública brasileira de hoje é boa, mas ainda não a ideal, pois tem falhas na gestão e dificuldade de alcance da população. Mas que, de qualquer forma, atinge seus objetivos de promover a cidadania, os direitos humanos e oferecer informação artística, cultural e científica, de qualidade.
Paulo Miranda questionou a atuação das universidades e disse que não há como cobrar dos profissionais da comunicação uma atuação comprometida com o desenvolvimento da sociedade, se as instituições de ensino superior não cumprirem com eficiência seu papel de oferecer educação de qualidade. E cutucou: “será que as universidades trabalham pra que os jornalistas façam educação 24 horas, na tevê e no rádio?”.
Foi bacana perceber que há pessoas preocupadas com o futuro dos jornalistas que ainda estão se formando por aí e saber que não precisaremos mendigar emprego na Globo. Boas novas, colegas da comunicação!
Antes da palestra, durante a manhã, visitei a Feira Internacional de Economia Solidária. São mais de 400 expositores de quase todos os estados brasileiros. Os trabalhos são os mais variados e belos, feitos de maneira artesanal. A irmã Lourdes Dill, da economia solidária de Santa Maria, disse que a feira é uma oportunidade de mostrar ao mundo o trabalho realizado pelas equipes de economia solidária do Brasil, de forma a valorizar os empreendimentos econômico solidários.
Olha, o sistema capitalista tá bem capenga, como todos vemos. Quem sabe não é agora a hora de mostrar uma nova forma de organização da sociedade, a partir da movimentação popular? Hora de dar mais valor às coisas pequenas, “da terrinha”, pra ajudar aqueles que mais precisam? Quem sabe, trabalhar por outra comunicação e outra economia, mais solidárias, justas e comprometidas com todos?

Belém, PA. 30 de janeiro, sexta-feira, 1h37min.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O ministro e as políticas públicas



Nesta quarta-feira, uma mesa de debates propôs discutir questões relacionadas ao mundo do trabalho. Estiveram presentes o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Luiz Dulci, o presidente da Força Sindical do Brasil, Paulo Pereira, o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Arthur Henrique, e outros representantes de entidades ligadas ao tema.
No foco central das discussões, a situação do Brasil frente à atual situação de crise econômica no mundo. O ministro Dulci disse que, mesmo com a crise, o Brasil vai continuar investindo em políticas públicas sociais, como o Bolsa Família, o Pronasci e o Projovem. Segundo ele, elas são grande forma de movimentar a economia do Brasil, pois fazem o dinheiro circular e colocam as pessoas em situação de menor vulnerabilidade social.
Tá certo o ministro. Com dinheiro as pessoas podem comprar mais, o que ajuda a mexer a economia, especialmente a local. Imagina como vai ficar o dono do armazém da esquina se seus clientes deixarem de comprar com ele, porque não tem dinheiro à vista? Pior, se passarem a comprar à prazo (é mais fácil) nas grandes redes de supermercado, que quebram as economias locais e pagam salários pífios a seus funcionários?
De acordo com dados divulgados no caderno Destaques (edição dezembro/2008), do Governo Federal, o programa Bolsa Família tem, hoje, 11,1 milhões de famílias beneficiadas com valores que variam de 62 a 182 reais por beneficiário. Isto representa uma dinâmica incrível nas economias locais, com intensa movimentação de capital, aumento da capacidade de compra das pessoas, melhora da auto-estima e maior capacidade de se ter uma alimentação adequada.
A atividade foi bacana, porque ajudou a pensar um pouco mais na crise do capitalismo (o que tá sendo chamado aqui de “autodestruição”, já que o próprio sistema cavou seu túmulo). Além desta, outras muito legais tão rolando por aqui, em todos os cantos. A tenda de Cuba é uma das mais visitadas. O espaço relembra um pouco da história do país e realiza atividades culturais (exibição de filmes, exposições, conferências, musicais), ao mesmo tempo que discute economia e política.
As atividades acontecem simultaneamente em duas universidades: a Federal do Pará (UFPA) e a Federal Rural da Amazônia (UFRA), ambas bem grandes.

Belém, PA. 28 de janeiro, quarta-feira, 23h55min.

Fórum Social Mundial 2009

Fórum Mundial Mídia Livre